setembro 29, 2011
Tempo Útil _ João Gobern
Nova campanha
Está visto: chegou a hora de Javi García. À falta de melhor, descurando o facto de o murciano que impressionou Capello e Del Bosque já estar a cumprir a terceira temporada em Portugal, coincidindo na chegada ao Benfica com o treinador Jorge Jesus e desmentindo (logo à primeira época) a tão propalada loucura que teria afetado os corpos gerentes do clube que o foi buscar aos quadros do Real Madrid, fica designado o sucessor de Katsouranis, Bynia e David Luiz no “esquadrão da morte” recrutado pelos encarnados. Javi García terá, no dizer de pelo menos um adepto portista indisposto com o resultado do clássico da passada sexta-feira, um pacto com os árbitros que lhe permitem o “jogo mais sujo da Liga”. Um caceteiro, um violento. Mas porquê ficar por aí? Pirata, sevandija, assassino, que sei eu?
O curioso é que toda esta indignação nasce na sequência de uma partida que o FC Porto não conseguiu ganhar por duas razões: primeira, porque não estava sozinho em casa e se deixou iludir perante uma metade de jogo aparentemente passiva do adversário; segunda, porque mesmo os habituais pulmões do campeão foram lestos a pedir sopas e descanso muito antes do cronómetro chegar ao fim. Exemplos? Hulk (com a atenuante de vir de uma lesão) e João Moutinho (caso verdadeiramente invulgar). Para não falar de Fucile, aparentemente mais empenhado em exibir o que aprendeu nas suas aulas de expressão dramática (a dor fulminante mas incompreensivelmente efémera, anatomicamente deslocada, que o atinge quando é “agredido” por Cardozo, ficará como um dos momentos de tragédia desta época, já devidamente caricaturado em televisões internacionais) do que em correr ao lado de Gaitán, e assim evitar o golo do empate do Benfica.
Custa-me a perceber que, perante um jogo que teve a arte e o condão de deixar silenciados os pirómanos do costume (de um lado e do outro), em que se trocaram – de vez? – as bolas de golfe pela bola de futebol, em que houve emoção e incerteza no resultado, em que ninguém ficou arredado da corrida ao título, um empate caseiro motive tamanhas palpitações de fígado. E acredito sinceramente que os verdadeiros adeptos do FC Porto estarão mais preocupados com a falta de alternativa a Kléber, com a resistência dos atletas e com a aferição do que vale realmente Vítor Pereira do que em crucificar um adversário que é viril mas não demonstra prática ou conhecimento de artes marciais. Quem fez a defesa do pior Bruno Alves não deve querer falar alto. Se o fizer, arrisca-se a falar sozinho.
NOTA – Em nova semana europeia, o Benfica cumpriu – sem brilho – a parte que lhe tocava. Que os deuses voltem a estar com FC Porto, Sporting e Braga. Boa falta nos faz à autoestima e à bolsa.
In Record
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